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O amor e o drama de Gota D’água

  • por Alea/ Doc
  • Os vinte e sete alunos do Coro Cênico tiveram duas semanas para montar o espetáculo (Foto: Elvira Alegre / Rubem Vital)

A poesia de Chico Buarque e o contexto político dos anos 1970 ganham a cena na montagem de “Gota D’água”, apresentação especial desta sexta-feira (24) dentro do Sinpro Convida, evento no 35º Festival de Música de Londrina. As apresentações serão no Teatro Marista às 18h15 e às 20h30, com ingressos a R$30,00 e R$15,00.

Com regência e direção geral de Regina Lucatto, a peça conta as agruras sofridas pelos moradores do conjunto habitacional Vila do Meio-dia, interpretado pelos vinte e sete alunos do curso de Coro Cênico do festival. No centro da história, a relação entre Joana e Jasão, um compositor popular assediado pelo poderoso empresário Creonte.

“O resultado desse processo todo é sempre gratificante. Soube que em Londrina tem muita gente que já trabalhou junto em turmas ou grupos diferentes e coincidentemente, nesse curso eles vão atuar juntos pela primeira vez. Trata-se de uma oportunidade interessante que só enriquece o processo da montagem”, informa a diretora Regina Lucatto, mestre em Música e uma das fundadoras do Grupo Vocal Garganta Profunda do Rio de Janeiro.

Ela conta que no primeiro dia do curso, pôde conhecer o grupo e trabalhar na escolha do elenco. “Sempre tenho que fazer adaptações; tenho que vir totalmente aberta e é sempre uma incógnita, porque não sei o que vou encontrar. Nesse grupo tivemos a felicidade de ter o Thiago Spengler, bailarino que fez as coreografias e me ajudou nas marcações de cena, e o Paulo Vítor Poloni, que fez o preparo vocal, proporcionando ao conjunto, uma voz mais empostada e de qualidade.”

Toda a montagem teve que ocorrer nas duas semanas de duração do curso, e o resultado impressiona. “Tive que exigir do grupo, de ter as notas no lugar, os solos, tudo tem que estar organizado. Optamos por trabalhar só com piano, para ter uma interação maior e junto com isso tem os textos, construindo a história. O resultado é maravilhoso”, diz orgulhosa.


Talentos locais
O bailarino Thiago Spengler inscreveu-se no curso de Coro Cênico como aluno e no fim teve que colocar a mão na massa. “Além de ter aprendido muita coisa, tive a honra de contribuir com o meu trabalho. Foi muito divertido, e apesar de muitos não terem experiência de palco, são pessoas muito talentosas com muito ritmo e musicalidade, fica mais fácil para fazer as marcações”, diz.

A professora Elaine Souza, que nunca havia subido ao palco antes se encantou com a experiência vivida nesses dias de montagem. “Para mim foi uma novidade. Não tinha noção de como era estar em cena, de trabalhar a movimentação. Estamos em cena o tempo todo, então temos que estar atentos a tudo.”

Se para a professora tudo é novo, para o arquiteto e empresário Caco Piacenti, foi como reviver bons momentos. “Há 25 anos participei da Cia. Bombom, hoje Armazém Companhia de Teatro, então depois de tanto tempo, estou achando tudo maravilhoso. Não quero mais sair daqui.”


Sobre Gota D’água
Gota D’água foi escrito em 1975 por Chico Buarque e Paulo Pontes e transporta a tragédia grega Medeia de Eurípedes para o Rio de Janeiro. A montagem retrata a tragédia urbana, e as dificuldades vividas pelos moradores são o pano de fundo para o drama vivido por Joana e Jasão, que larga a mulher para casar-se com Alma, filha do rico Creonte.

Sem suportar o abandono e para vingar-se, Joana mata os dois filhos e suicida-se. Na cena final, os corpos são depositados aos pés de Jasão, durante a festa do seu casamento.

A ideia foi originalmente derivada de um trabalho de Oduvaldo Viana Filho, que adaptara a peça grega clássica de Eurípedes sobre o mito de Medeia, para a televisão. Para liberar a peça, Paulo Pontes teve que negociar alguns cortes. Ainda assim, foi sucesso de público e de crítica. A peça foi premiada com o Prêmio Molière que os autores recusaram em sinal de protesto contra a proibição.

A clássica montagem trazia no elenco Bibi Ferreira (Joana), Roberto Bomfim (Jasão), Oswaldo Loureiro (Creonte) e Bete Mendes (Alma), direção geral de Gianni Ratto e direção musical de Dory Caymmi.


Sinpro Convida
Gota D’água
Teatro Marista
Horário: 18h15 e 20h30
Ingresso: R$30,00 e R$15,00

Direção geral e regência: Regina Lucatto
Técnica vocal: Paulo Vitor Poloni
Coreografia: Thiago Spengler
Elenco: Alunos do Curso de Coro Cênico
Produção: Alunos do Curso de Coro Cênico

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